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Maria Madalena

Moradora do bairro Morretes, Dona Madalena conhece as primeiras histórias da cidade. Sua família contribuiu para o desenvolvimento de diferentes setores de Balneário Piçarras. 

Hoje com 78 anos de idade, a popularmente conhecida como Dona Madalena nasceu na família dos Maestri, oriunda de Botuverá. Habitante da cidade de Itajaí, se mudou para Piçarras – que na época não tinha o nome de Balneário – na década de 1960, aos 16 anos, para cuidar de uma irmã adoecida. Aqui, conheceu Ângelo, com quem se casou aos 19 anos de idade. Passou então a carregar o sobrenome dos Colzani.

A família Colzani, vinda do município de Ilhota, plantava arroz no bairro Morretes, onde Dona Madalena mora até hoje. Na época, a terra era lavrada com bois e arados e o arroz era levado a uma batedeira, com motor movido a óleo. “Quando os homens acabavam de bater o arroz, a mulher não ia, eles pegavam o trator e iam tomar banho no mar, porque aqui não se tinha água encanada”, explica.

Ângelo e o irmão Isvaldo foram os precursores da vinda dos Colzani para a cidade, seguidos dos irmãos Paulo e Luiz, que também trabalhavam no engenho. Ângelo, falecido em 2021 aos 82 anos de idade, e Isvaldo eram donos de um terreno que foi cedido à empresa responsável pelo abastecimento da cidade. “Antes, a água era puxada do poço, com balde”.

A família também foi responsável pela construção de uma das primeiras unidades escolares da cidade, uma pequena casa de madeira em Morretes que teve como responsável a professora Maria Jucélia Borba. “Não tinha nada para as crianças estudarem. Depois, o prefeito pediu para passar a escola para a entrada do bairro, onde hoje tem a creche [Centro de Educação Infantil Ivonete Silva Coradini]. Ali também era nosso”, destaca. “Os alunos estudavam nas casinhas do interior e quando chegava a oitava série iam para a Escola Adolfo Cabral”.

Acervo: Centro de Documentação e Memória Histórica Genésio Miranda Lins

Essa era apenas uma das dificuldades enfrentadas pelos moradores do interior da antiga Piçarras. O caminho até o comércio, hoje o Centro da cidade, era dificultoso e percorrido de carroça, movida a boi ou a cavalo. “Muita coisa tinha que vir de Itajaí, como tecido, mantimentos em saco e combustível, porque o comércio aqui era muito fraco. O primeiro caminhão de Piçarras foi a gente que comprou e pegávamos óleo em Itajaí, para o engenho”, destaca Dona Madalena. “A padaria do Seu Telles, bem pequeninha, fazia pão, e tinha uma lojinha do pai do Seu Udo Figueredo, que vendia tecido”.

Além da falta do abastecimento de água, faltava também o de energia. Quando chegou, a luz era gerada a motor no Centro e desligada todos os dias às 23 horas, quando os lampiões se acendiam. “Aqui, [no interior] trabalhamos muito tempo no engenho só com o motor movido a óleo diesel. A primeira vez que a luz veio, compramos uma televisão antiga, pequena e em preto e branco, que passava aquela novela dos Irmãos Coragem. Aqui, eram todos pobres e os únicos que podiam comprar éramos nós, então a família se reunia ali em casa, que ficava cheia”, relembra a senhora de 78 anos.

Ver os amigos e familiares sempre foi uma atividade de lazer para Maria Madalena Colzani, que encontrou em Balneário Piçarras vizinhos acolhedores e um lar para formar sua família. Ela deu à luz a dois filhos biológicos se tornou mãe de seis filhos adotivos. Hoje, possui três netos biológicos e outros adotivos, além de bisnetos.

Quando mais jovem, se reunia constantemente com os vizinhos, que se locomoviam de uma casa a outra a pé. “Aqui, todo mundo se conhecia e o lazer era em casa de família, todo mundo era muito unido. Não tinha salão, nem nada, era tudo mais simples. Meu marido tinha uma gaita e saía por aí para tocar. A gente ia na casa das famílias, que faziam um cafezinho, a concertada e aquilo fazia a festa”.

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